Você já ouviu falar na Floresta dos Suicidas?
É para dentro dessa floresta, próxima ao monte Fuji, no Japão - onde dezenas de pessoas rumam todos os anos para enforcar-se - que Valter Hugo Mãe nos leva em seu livro "homens imprudentemente poéticos".
Aqui, a escrita poética do autor encontra a cultura milenar do Japão antigo. Insipirado em uma viagem que fez a esse país, ele escreve a história de um artesão e de um oleiro vivendo em uma pequena aldeia, perdida no tempo, nesse país tão distante.
O artesão de leques vive entre o atordoamento e o mau agouro - porque no instante em que algum animal morre, ele é capaz de prever o futuro. Já o oleiro, seu antagonista, vive nutrido da força da saudade e do amor por sua mulher que morreu. Juntam-se a esses dois personagens ainda outros, cada um deles representando uma característica da cultura japonesa - mas nos levando a refletir sobre a nossa própria.
Ao mesmo tempo em que nos leva para acompanhar seus personagens em suas jornadas simbólicas de descobrimento, o autor nos convida a refletir sobre a maneira ocidentalizada de pensar e refletir sobre a morte - sobre como nos afastamos dessa ideia e nos assustamos com ela.
Meu favorito incontornável do Mãe segue sendo "o filho de mil homens". Porém, depois de chegar ao final da leitura de "homens imprudentemente poéticos" e pensar sobre os simbolismos no texto que explicam esse título tão lindo, impossível não se apaixonar por mais esse livro que atesta a delicadeza e maestria do autor com as palavras.
Quando estou na dúvida do que ler, leio Valter Hugo Mãe e sempre dá certo.
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