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Uma história de dois amores em crise?
Como a grande maioria dos livros de Marguerite Duras, "Emily L" também foi muito inspirado na sua própria vida e vivências pessoais. O livro narra a história de dois amores em crise, a da narradora e seu companheiro (que seria a própria Marguerite Duras e Yann Andréa) e de um casal de ingleses que eles observam de longe, Emily L e um homem não nomeado, o Capitão.
As intrigas amorosas e o tom de mistério envolvendo a vida de Emily L já são suficientes para amarrar o leitor nas páginas do livro. Mas a delicadeza da linguagem, a sutileza do estilo e as referências escondidas no texto de Marguerite Duras são o que garantem a coroa de ouro ao romance.
Acompanhamos as discussões e o desenrolar das relações amorosas dos dois casais e quase não nos damos conta de que, na verdade, Emily L é um romance sobre escrever romances. Principalmente do ponto de vista da mulher.
Com o decorrer da história descobrimos que as duas figuras masculinas da história, de alguma forma, têm problemas com o fato de que suas mulheres escrevem literatura, com a atividade de escrita delas - o que acaba criando problemas nas relações entre eles.
Para falar sobre a escrita, Duras insere no texto vários autores do seu próprio repertório como leitora: Henry James, autor cuja obra Duras conhecia minuciosamente, é citado no livro, assim como Emily Dickinson, poetisa de quem a personagem que dá título ao romance teria recebido seu nome (curioso também que Emily L é a única personagem com nome no livro...)
Segundo a pesquisadora Maria Cristina Vianna Kuntz, especialista na obra de Duras, a escrita de Duras ultrapassa a história e a narração, e encontramos em Emily L uma rica reflexão sobre a escrita e a sociedade - e como essas coisas se relacionam, principalmente para escritoras mulheres. Para quem se interessa por essas questões, “Emily L” é dica quentíssima.
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