Uma delícia de livro.
Puxei uma cadeira, sentei na mesa do bar, pedi uma cerveja gelada e ouvi Gabriel Garcia Marquez contar seu causo. A história era do Santiago, o homem que teve sua morte anunciada.
Essa é a sensação que temos ao ler "Crônica de uma morte anunciada". O texto é tão fluido que parece uma conversa, a história é tão corriqueira e ao mesmo tempo tão inacreditável que parece dessas que saem no jornal e a gente fica debatendo com os amigos; e os personagens são tão bem construídos que a gente fica achando que existiram de verdade.
De fato, como bom jornalista que era, Gabo cria nesse livro uma espécie de narrativa investigativa, um tom jornalístico, uma ficção realista. A tensão dramática se sustenta o tempo todo, apesar da escrita não-linear, apesar do spoiler logo nas primeiras páginas.
É que a primeira frase do livro é uma sentença:
"No dia em que iam matá-lo, Santiago Nasar levantou-se às 5 e 30 da manhã para esperar o barco em que chegava o bispo".
Logo no incio, também fica claro ainda que toda a cidade sabia do mal que estava por vir e a sina de Santiago. Incrédulos, porém, todos permanecem imóveis - e por isso o evitável torna-se inevitável.
A história se desenrola, nos apegamos aos personagens, nos encantamos com seus segredos, lamentamos os seus destinos. No final, somos deixados refletindo sobre o peso das nossas ações. Uma cidade inteira descrente "permitiu" que uma tragédia anunciada se concretizasse. Bastava que tivessem acreditado que o perigo era real, para que o futuro fosse diferente. A questão que fica é: será somente na ficção e nos livros que encontramos pessoas acomodadas e incrédulas face a males há muito anunciados?
Que delícia ler Gabo! É sempre uma leitura muito prazerosa mas que ao mesmo tempo promove grandes reflexões.
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