Um livro que incomoda.
Atenção que esse livro traz uma leitura importante.
Mas uma leitura daquelas que incomoda. Daquelas que faz a gente sentir raiva. Que faz a gente se sentir desconfortável, se remexer na cadeira. O coração muitas vezes aperta ao acompanharmos os conflitos internos e externos de três gerações de uma família negra no Sul dos Estados Unidos, em constante confronto com situações de racismo, machismo, violência, violência doméstica, pobreza.
Porém, eis a sacada particularmente genial do livro: de maneira quase didática, Alice Walker demonstra pra gente - como que ao vivo e a cores, através da tecitura de um texto quase vivo de tão real - como funciona o ciclo vicioso da violência. Como a violência pode ser "aprendida" e passada pra frente tão naturalmente como passamos receitas de família pra geração seguinte. Demonstra também como esse ciclo é complexo. Como atinge de maneira tão intensa aqueles que estão submetidos a ele. Como machuca as pessoas presas dentro dele. E como é difícil quebrá-lo.
O livro é praticamente uma aula. Como professora, fiquei impressionada com a capacidade da autora de pegar na mão do leitor e mostrar pra ele, de maneira simples e didática, como se desenrola tudo isso. Indico fortemente a leitura para todos aqueles que tiverem interesse em entender melhor sobre o racismo que existe entranhado na nossa sociedade e o ciclo de violência que ele gera.
O livro também é um convite que eu reitero aqui - é preciso falar sobre racismo. Precisamos falar, ler, informar-nos sobre isso - precisamos tamém, sobretudo, praticar a autocrítica. Podemos começar repensando, por exemplo: quantos autores e autoras negras lemos nos últimos tempos?
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